Futuros imaginados, passados reconstruídos
Christof Mascher (Hannover, Alemanha | Londres, Inglaterra)
Laetitia Rouget (Paris, França | Londres, Inglaterra)
Mattea Perrotta (Los Angeles, California, EUA)
Nazareth Pacheco (São Paulo, Brasil)
Patricia Camet (Lima, Peru)
Steph Klabin (São Paulo, Brasil)
Futuros imaginados, passados reconstruídos é uma exposição coletiva de artistas que utilizam materiais têxteis, cerâmicas ou conceitos relacionados em seus trabalhos. Apesar do uso de têxteis e artesanias como forma de expressão remontar às primeiras civilizações, até o século XX havia no campo da arte uma divisão clara entre fine arts e artesanato. Analisando as razões pelas quais os artistas optam por trabalhar com meios tão artesanais na era contemporânea, descobrimos que o uso dessas técnicas surgem como potencial para comunicar camadas complexas de significado social e político, em temas que abordam a identidade e a cultura.
Com foco conceitual, ao invés de uma abordagem específica, a exposição explora como os têxteis e os ofícios manuais podem ser ressignificados em suas infinitas pluralidades e potência, apresentando como tais práticas aparentemente tradicionais permanecem particularmente relevantes na contemporaneidade. A exemplo, o trabalho da artista Steph Klabin, que desenvolve seus bordados a partir do universo da simbologia e imersão na natureza. Em tempos os quais a virtualidade e o excesso de informação geram cada vez mais crises de ansiedade, retomar o contato manual, à presença, aos processos orgânicos e as investigações entre o corpo e a mente tende a ser a grande resistência à velocidade do like.
Valendo-se do potencial político que as artes manuais podem proporcionar, Nazareth Pacheco e Mattea Perrota abordam em seus trabalhos aqui expostos investigações acerca do corpo feminino. De formas distintas, ambas artistas questionam o lugar da mulher na sociedade a partir do próprio fazer manual, prática esta até hoje associada ao universo do feminino. De outro lado, o artista Christof Mascher vale-se exatamente desse imaginário para desconstruir que o bordar, por exemplo, é uma prática ligada apenas a um gênero.
Por fim, Laetitia Rouget e Patricia Camet abordam na cerâmica temas altamente atuais como o consumo excessivo que pode devastar culturas até as novas práticas de diálogos que se dão pelos aplicativos sociais e como as possíveis interpretações do não dito podem causar individualmente e coletivamente. Assim, dessa forma, os artistas apresentam nesta mostra que é possível, a partir de tradições seculares, atualizar a história.
Carollina Lauriano