Fálico Mágico?: Brígida Baltar Tracey Emin Celia Hempton Alba Hodsoll Anna Koak Natalia LL João Loureiro Christabel MacGreevy Robert Mapplethorpe Janina McQuoid Lyz Parayzo Yuli Yamagata Fernanda Zgouridi

10 November 2018 - 12 January 2019

“I Am”, shouted the beast at the end of the world

 

The body and its many representations placed themselves, throughout the XX and XXI centuries, always as the magical possibility of reinventing what we are and what identify us. The biped shape, with limbs, advanced cognitive capabilities and opposable thumbs was canon to the artistic manifestation until the beginning of the XX century, always, mostly, guided by gender binarisms and a classical ideal of human, scoping the idea of the body and what it represented through an ocidental, phallic point of view, widely operating a dual conception of being in the world.

 

There’s where contemporary art comes in: in the immense task of diffusing a body thus diffusing its name. Through bending the idea of nature and human image, of material manipulation in the search for a representation, the body today is seen as only a memory or idea of itself, opening the possibilities of the representation of it, setting in motion the essence of disinterest history of art has bestowed upon us: an announced tragedy about the curtailment of our bodies.

 

The possibilities of art today, of positing reimagination through its several medias, of that that once represented us, in a dance between denying institutions and reaffirming intents, was the entry point that this exhibition wanted to face: a space beyond flesh, that takes for itself the imaginative, narrative, mystical, and hidden potentialities of the artistic vision of what we are. In this dilution of representation, we are confronted with silhouettes turned landscapes, exercises to rethink our social roles, ways that reintroduce us to who we are and what would delimit our bodies, new propositions to understand where we live today, as well as the intrinsic capacity we have to rediscover and connect with ourselves.

 

With this partnership, LAMB and KURA invite the spectator to recognize and reconnect with their own body through a discourse that seeks to link the transcendentality of today’s representation to what enables us to be. A space of constant self-recognition, of what we are and what surrounds us, like a beast shouting “I am” at the end of the world, affirm the latent need that contemporaneity presents that we can not, today or tomorrow, limit our essence to preconceived ideals and forms of existence.

 

_____________________________________________


“Eu sou”, gritou a Fera no fim do mundo

 

O corpo e suas representações se colocaram, no decorrer do século XX e XXI, sempre como a possibilidade de uma reinvenção mágica daquilo que somos e que nos identifica. A forma bípede, coesa, com membros, capacidade cognitiva avançada e polegares opositores fora o cânon das manifestações artísticas até o início do séc XX, sempre, em sua grande parte, pautada no binarismo de gênero e na ideia clássica de representação do humano, concentrando a ideia de corpo e o que ele representava dentro de uma visão ocidental e falocêntrica, que em muito operou na construção de uma ideia de que há apenas duas formas de ser no mundo.

 

A arte contemporânea opera aí: nessa imensa tarefa de dispersão do corpo para assim dispersar o nome. Por meio do tensionamento dos ideais de natureza e imagem humana, da manipulação da matéria em busca de uma representação, o corpo hoje é visto muitas vezes apenas como a memória ou a ideia de si mesmo, abrindo as possibilidades de representação, em um movimento contra a essência do desinteresse que a história da arte relegou a nós: uma tragédia anunciada em relação ao cerceamento dos nossos corpos.

 

As possibilidades da arte hoje, de postular a reimaginação por meio de suas diversas linguagens, daquilo que nos representou, em uma dança entre negar instituições e reafirmar intentos, foi o ponto de partida que esta exposição decidiu postular: um espaço fora da carne, que assuma para si as potencialidades imaginativas, narrativas, místicas e ocultas da visão artística sobre o que nós somos. Nesta diluição da representação, nos confrontamos com silhuetas tornadas paisagens, exercícios de repensar nossos papéis sociais, formas que nos reintroduzem a quem somos e aquilo que delimitaria nossos corpos, novas proposições para compreendermos onde habitamos hoje, assim como a intrínseca capacidade que temos de nos redescobrir e conectar-se com nós mesmos.

 

Com esta parceria, na primeira exibição no espaço físico da galeria londrina em São Paulo, a LAMB e a KURA convidam o espectador a reconhecer e reconectar-se com seu próprio corpo por meio de um discurso que busca atrelar a transcendentalidade da representação hoje àquilo que nos possibilita ser. Um espaço de constante autorreconhecimento, daquilo que somos e do que nos circunda para, assim como uma fera que grita “Eu sou” no fim do mundo, afirmar a necessidade latente que a contemporaneidade apresenta de que não podemos, hoje ou amanhã, limitar nossa essência a ideais e formas pré-concebidas de existir.